25.10.03
sentados numa mesa de jantar,
eles lentamente ingerem a comida chinesa.
a mesa é azul.
o toca-discos está ligado, algum vinil antigo.
- anos 60 / 70.
taças com líquidos de cores diferentes.
pessoas diferentes.
que acabam iguais.
o motivo eu já não sei.
quando as coisas são duplicadas,
só me resta te olhar.
me dá mais um beijo. deixa eu ser você agora.
somos um? somos dois?
somos um.
não vai tão cedo. fica aqui mais um pouco.
fica.
vamos?
desculpa, mas parece que você está só
de passagem. está?
fica.
só mais um pouco.
somos um.
24.10.03
pára.
a parada começou.
a fanfarra é guiada pelos sentimentos.
uniformes vermelhos, amarelos, azuis e verdes.
botões dourados e bigodes.
às vezes cabelos compridos. às vezes não.
- a parada começou.
num segundo.
quanto tempo vai durar?
pelo menos enquanto eu não dormir, vai.
"quando é que é possível confundir
os sonhos com a realidade?"
ou vice-versa.
a música continua.
batidas fortes, os metais carregam a melodia.
marchando.
marcha fúnebre.
boa viagem e, principalmente, boa noite.
errado.
errado.
conspirações. e palavras ocas.
simples e sem graça.
um papel sobre a mesa. mais uma vez em branco.
[ apesar de ser três da manhã ]
dentro do elevador se vê um "tê" maiúsculo.
ouve-se jazz: no fone de ouvido.
ouve-se um piano: um instrumento musical eletrônico.
pequenas teclas.
às vezes brancas, às vezes pretas.
o mais perto de você. o mais próximo.
// que você estiver. é fácil se está em movimento.
cansaço, sono.
[ ainda vivos ]
porque tudo faz sentido, mesmo sendo difícil encontrar você.
a fanfarra começa a desaparacer. o som já é baixo o suficiente
pra que se volte onde estava.
- ainda é possível ouvir algum instrumento de sopro. talvez um trombone.
deixa cair o café.
apaga o cigarro.
dá-lhe um beijo.
e senta na calçada.
18.10.03
permanecia sentado a uma hora.
olhava o relógio de parede, seus ponteiros iam andando lentamente.
[ lentos até demais ]
lembrava de uma canção bem antiga, "talvez de 75."
a porta é aberta. ela entra na sala, puxa a cadeira lentamente, senta-se.
o ambiente: era uma sala totalmente branca, sem janelas e sem quadros.
no centro, uma mesa preta e duas cadeiras brancas, uma de frente pra outra.
o chão também era branco. a única decoração do lugar era o relógio de parede,
branco com ponteiros e números pretos.
- desculpe o atraso - ela diz.
...
ele, continuava calado e nem sequer olhou pra ela. fingiu não vê-la, pelo menos naquele
instante.
- vamos? - ela pergunta.
num ato que poderia ser considerado bruto, ele gentilmente bebe o líquido preto que
estava sobre a mesa. o copo: branco.
- vamos - ele responde.
os dois se levantam e saem.
nesse instante, todas as músicas daquele disco que lembrara lhe vêm a cabeça.
ela, então, começa a falar muitas coisas, atropelando palavras, letras, expressões.
aquilo martelava sua cabeça de uma forma extremamente dolorosa.
- se não tem o que dizer, fica calada - ele logo a repudia.
entram no carro.
[ um dodge polara preto, com detalhes brancos ]
no caminho, ela o observa. fica olhando-o por vários minutos. tempo necessário pra que ele,
ao menos, virasse sua cabeça para ela, olhasse em seus olhos, abrisse a boca (como se fosse
dizer alguma coisa) e voltasse a observar a estrada atentamente. de forma sutil, seu olhar se torna
extremamente triste nesse exato momento.
mesmo assim, ela calmamente leva seus lábios até o resto dele, e o beija.
enquanto o beijava, uma lágrima caia em seu rosto. rapidamente ela volta para seu banco, e olha-o muito
assustada.
- por quê?
- eu sei - diz ele.
- você sabe de que?
- eu só sei.
então seu corpo é tomado por uma estranha sensação. fica gelada dos pés à cabeça e não tem mais o que dizer.
[ o que havia acontecido? é claro que o passado é uma referência. mas ninguém precisa ficar lembrando disso ]
- alguém te disse alguma coisa?
- não importa. não me importa mais. eu só não esperava isso de você.
- mas eu não...
- por favor, tente não falar mais nada. quem errou foi você, e você sabe disso.
- eu quero conversar.
- eu não.
sempre sentiu ciúme. claro que nunca foi uma pessoa neurótica, nem nada disso. sentia ciúmes como uma pessoa normal,
e ainda conseguia guardar isso pra ele mesmo. passava várias noites chorando sozinho em seu quarto, e mesmo assim,
nada dizia pra ela. preferia dormir com esse tipo de sentimento e não acordar mais com ele. sempre dera liberdade pra todo
tipo de coisa. mas jamais poderia esperar esse tipo de coisa. não da forma como foi.
- eu confiei em você.
as lágrimas continuavam a descer. ela permanecia parada, com as mãos nos cantos dos bancos.
o disco no carro já estava na sétima música. ouvia-se palmas.
- você poderia ter me avisado antes de fazer qualquer coisa.
chegam.
descem do carro. entram no lugar. pouca luz, muita gente. pessoas. ela sempre sociável. ele, nem tanto.
estava(m) com uma péssima aparência.
apresentava-se a banda. muitos instrumentos, genialidade. assim, cada lágrima no escuro era apenas mais uma.
ele estava lá. ele. como não sabia, cumprimentou-a. cumprimentou ele também.
banheiro.
prozac.
[ ah, a felicidade instantânea. como a fotografia ]
amigos?
deixou-a em casa.
não aceitou nem um beijo. não era capaz de aceitá-la.
- desisto. me demito. o dia já vai raiar e é melhor você ir embora. discutir pra quê? quem está disposto a isso?
soltava palavras como se fosse uma música. (e era)
ela entra em sua casa. pensa em vê-lo no dia seguinte, as coisas talvez se acalmem. ele vai aceitar as desculpas.
ele vai embora.
seu carro corre. correm também seus pensamentos. escorrem suas lágrimas. escorre a vergonha.
confiança? improvisos.
imprevistos.
[ ouve-se um trompete no fundo da sala, desesperado ]
(repetidas vezes)
vê-se o ar.
vê-se uma ponte.
vê-se a àgua.
não se vê mais nada.
17.10.03
- sete.
15.10.03
às vezes eu olho pras coisas na rua
e tudo me parece diferente.
estão desconexas.
eu tento olhar pras coisas da mesma forma
de sempre, mas não dá.
[ metrô ]
- o que significa?
"eu vejo tudo em quadros."
tento visualizar as coisas de uma maneira
que faça, ao menos, um pouco de sentido.
[ pra mim ]
tanto faz.
tenho que arquivar as coisas na cabeça.
(tenho que arquivar as coisas na cabeça.)
tenho que te arquivar.
eu preciso me misturar. preciso fazer com que
duas coisas sejam apenas uma.
entendeu?
mas não é fácil. eu sempre tive
esse tipo de dificuldade.
dois minutos.
"aprende a olhar as horas nesse relógio."
que tarde fria.
fria até demais.
[ e não é mais inverno ]
as sensações se fazem presentes.
você se faz presente.
e tudo parece de brinquedo.
- igual a esse frio.
agora toma cuidado. porque se isso aqui ficar
desconexo, você vai ficar desconexo.
as coisas vão ficar sem nexo.
"mas aposto que não."
a graça de tudo está aí.
minimalize as (suas / nossas) palavras.
isso aqui é nosso.
e mais uma vez ficou sem entender.
Isso é o engraçado sobre a memória.
- Você não é o que você lembra.
- Você é o que os outros dizem que você é.
11.10.03
"o café descia lentamente junto à
água. o cheiro forte já tomava conta
do ambiente."
então me sentei. e resolvi pensar.
pensar um pouco em tudo.
[ quando você realmente pensa? ]
pergunta-se.
então lhe vem à cabeça várias coisas.
todas elas relacionadas ao mesmo assunto.
à mesma coisa.
- como tudo aconteceu?
são tantas as perguntas, e poucas tem
uma resposta razoável.
[ o destino ]
mas eu não sei.
não saberia explicar nada.
e também nem mesmo quero.
pensei em muita coisa.
o gosto do cheiro e o cheiro do gosto.
você.
saudade.
[ . . . ]
foi então que percebi que eu não estava mais
pensando. estava sentindo.
"o abismo que é pensar e sentir."
me dei conta que não há o que pensar.
não preciso pensar nas coisas.
elas acontecem justamente porque nós
não pensamos nelas.
elas acontecem porque sentimos.
[ planejar? ]
não tente explicar as coisas.
procure nem mesmo (d)escrevê-las.
procure sentir. sentir as coisas.
"a máquina havia parado. o líquido preto
estava na garrafa, pronto. via-se uma luz
laranja e o reflexo de alguém."
o que será que eu vi?
não quero pensar.
tudo outra vez.
[ ela tem razão ]
todos os sentidos são importantes.
sei.
eu ainda vou te falar muita coisa.
agora eu posso. me sinto aliviado.
me sinto.
as palavras me parecem transparentes.
(ou invisíveis)
- assim é que se faz.
"o café tinha acabado. nesse exato momento
percebeu que só sentia uma coisa."
você.
10.10.03
o que seria de mim sem a chuva?
sem sentir?
sem o (seu) olhar?
o que seria de mim hoje sem você?
apenas uma canção de criança.
o que acontece num minuto pode mudar tudo.
hoje o sol se escondeu.
[ felicidade espontânea ]
a chuva cai.
parece de mentira.
- pouco tempo, muito tempo.
mas tempo.
sentir você.
"você quase me mata."
mistério.
por pouco não deu.
que bom que você não pensou.
[ nós temos muita coisa pra lembrar ]
quando foi mesmo?
ninguém sabe.
mas se sabe que foi.
(e que é)
não teria jeito de ser mais bonito.
tão simples, tão ingênuo.
e tão sincero.
talvez seja porque ontem eu sonhei.
"depois de tanto tempo um sonho tão bom
e ainda com você. parece ser mentira."
os detalhes são internos.
hoje eu pude te dizer tantas coisas.
[ você já sabia ]
e se esqueceu em mim.
eu me esqueci em você. de vez.
[ continuo sentindo o seu gosto ]
sempre.
9.10.03
o que você tem a dizer hoje?
[ diz alguma coisa ]
não precisa usar suas palavras.
mas me mostra.
você sabe que tem tantas
outras formas.
a chuva volta.
não é só pra deixar mais escuro.
[ . . . ]
bom demais.
- um tanto interessante.
"eu tenho algo a te dizer."
mas eu não consigo.
queria te dizer tantas coisas (.)
não é só um simples desenho
que inventei da minha cabeça.
eu sei.
você sabe.
depois, cansaço.
mas tudo é desculpa pra mim.
[ eu só quero ficar perto de você ]
- o tempo que for possível.
quero segurar a sua mão,
fazer coisas de criança.
inocência.
pra depois, mesmo sem nada
ter acontecido, a gente olhar
um pro outro e sorrir.
[ sem fingir ]
eu não preciso (tentar) explicar
as coisas porque nós dois sabemos
que eu nunca vou conseguir.
"é mais importante sentir."
[ e melhor ]
um dia.
"se fosse possível repetir tudo
outra vez, eu aceitaria."
mas quem sabe a novidade seja
melhor amanhã.
ou depois.
- as surpresas que me traz
são sempre mais doces.
quer ouvir um segredo?
deixa eu falar no seu ouvido.
7.10.03
[ . . . ]
hoje eu talvez vá dormir com meus pensamentos.
hoje eu talvez conte as coisas apenas pras paredes do elevador.
[ . . . ]
mas eu só confio em você.
6.10.03
"aproveita enquanto o sonho é grátis."
é, tô vendo o dia em que os sonhos
vão ser pagos. alguém vai ter o
domÃnio do nosso subconsciente,
cobrando algumas libras pelos nossos
(mais doces) sonhos.
ah, não se esqueça: pesadelos também
serão cobrados.
- deve fazer um ano que não consigo sonhar.
[ deve se preocupar ]
devo.
é perigoso isso. pra nós dois.
penso demais quando estou acordado.
"sonho acordado."
embora seja esse mesmo o clichê, é
verdade. eu sonho em várias coisas acontecendo,
quando na verdade nada realmente está ocorrendo.
mas é bom demais pra mim.
se não posso sonhar enquanto durmo,
pelo menos crio ilusões em minutos.
(talvez segundos)
dia após dia.
"eu olho pra você e me percebo mais de um.
coisas que só num sonho teria coragem
de fazer, assim."
um abraço.
e também um beijo. (porque não?)
[ eu também nunca fui bom nessas coisas ]
aquela revista disse que pode ser a cafeÃna,
se lembra?
pode ser só você.
ou eu.
[ . . . ]
ou nós dois.
aproveito enquanto o sonho é grátis.
acordei às 6:28 am.
o despertador não tocou desta vez.
levantei da cama em poucos segundos,
procurando desesperadamente por você.
não sei o motivo, mas alguma coisa me
dizia que você tinha dormido ali.
a luz iluminava o quarto frio.
as paredes ainda conversavam sobre
meus desenhos e minhas palavras.
- Ã s vezes sorriam.
[ é que eles sabem o significado ]
"calma."
conversavam sobre os meus sentimentos.
sentindo.
sentia você.
[ outra vez ]
por isso por um instante cheguei a
ficar preocupado por não saber onde
te encontrar.
os três pontos.
o pijama amassado refletia a imagem
de alguém perdido.
[ dentro de si mesmo ]
- não consigo mudar (achar) o assunto.
passo horas e horas pensando mas não
chego a lugar nenhum.
"a verdade é que só chego a você."
o carinho foi muito importante
e ninguém mais sabe disso.
eu preciso do seu olhar.
é confortante ver você olhando pra mim
dessa forma.
depois de tantos pensamentos em tão
pouco tempo percebi que sua presença
estava realmente ali.
na minha boca.
eu ainda sentia o seu cheiro.
5.10.03
meia noite em ponto.
dezenove graus.
descia a rua agasalhado,
carregando muitos pensamentos.
memórias.
instantes fotografados por sua mente
naquele dia.
[ sorriso careta abraço beijo olhar ]
um olhar.
mais outro.
a sensibilidade das coisas. acontecendo.
[ ou não ]
andava lentamente. sem medo e ao mesmo
tempo com muito medo.
"vamos pensar juntos."
- olha só essas luzes.
queria saber pedir-lhe as coisas.
tudo é muito perfeito.
medo de estragar.
et cetera.
se ele fosse pensar muito
(e pensa.)
ficaria feliz.
o tempo passa rápido demais quando
o momento é aquele.
queria um pouco mais.
- é, mas você não aproveita.
desperdiça mais uma vez.
se eu soubesse que você fosse esquecer
seu cheiro em mim, seu gosto em mim,
eu talvez teria me esquecido em você.
outra vez eu me perdi e me deixei levar
pela conseqüência dos fatos.
se eu soubesse encontrar as palavras certas
talvez assim você saberia o que sinto.
e se eu soubesse pensar menos e falar mais
as coisas talvez estariam resolvidas.
se apenas eu soubesse.
mas mais uma vez sempre lhe vem uma
frase à cabeça:
"Se ela te fala assim, com tantos rodeios,
é pra te seduzir e te ver buscando o sentido
daquilo que você ouviria displicentemente.
Se ela te fosse direta, você a rejeitaria."
4.10.03
"eu só queria um. nem que fosse sem querer."
dizia isso a si mesmo depois daquele dia.
era tão difÃcil engolir a ansiedade e até mesmo
a vontade de fazer muitas coisas.
mas sabia que talvez não era pra acontecer.
[ ela (talvez) não aceitasse ]
e naquele mesmo dia tinha ficado sozinho.
tantas pessoas, incluindo ela.
- o que foi?
só ele sabia o motivo.
[ era um motivo de verdade ]
// provavelmente ninguém entenderia.
a música mais bonita também é a mais triste.
[ naquele instante ]
"ainda bem que ela não viu."
pensava a lágrima tÃmida (e única) que caia.
- as outras foram guardadas pra mais tarde.
pra uma hora em que não precisasse engolir
a ansiedade e pudesse fazer muitas coisas.
[ nem que fosse só em sua cabeça ]
tem motivo. a brincadeira acabou.
só sobrou um pouco de alguém.
[ confetes e serpentinas no chão também ]
por quanto tempo?
ele só queria um beijo. ou um abraço.
não mais sem querer.
queria que agora fosse de verdade.
lhe parece impossÃvel. e fez coisas que nem
mesmo sua consciência daria aval. mas fez.
[ queria ter feito mais ]
"e é tão bom quando você me toca."
de todas as formas.
se fecha cada vez mais num sofrimento
estranho. que é transformado em euforia
em poucos segundos.
basta que alguma coisa aconteça.
[ eles sabem o que ]
qualquer tipo de carinho é importante.
o mais sensÃvel possÃvel.
"me contento com o mÃnimo, fico feliz
com os detalhes."
sutil?
saudade.
- me ajuda a achar as palavras.
pra mim e pra você.
"porque eu só queria.
me abraça forte. me dá um beijo.
deixa eu (te) sentir.
uma única vez. e não te peço
mais nada.
inconscientemente eu durmo
(com) sem você."
2.10.03
então resolvi confessar as coisas.
[ pra mim mesmo ]
ninguém precisa saber. o importante
era eu mesmo assumir os meus sentimentos.
embora não seja eu o culpado por eles.
mas já era hora.
tem muita coisa que eu queria falar,
mas você sabe que não consigo.
a música é a mesma.
o disco é o mesmo.
como é fácil se perder em poucas notas.
"complicado é melhor sim. mas não dá
pra ser um pouquinho mais simples?"
se foi.
levando consigo toda a felicidade que sobrava
nesse fios de cabelo.
- isso é o que restou.
um piano. no meio da sala.
as músicas tocam sozinhas.
[ nem que seja pura imaginação ]
assim como o cheiro que senti hoje.
mais uma vez a sua delicadeza me fez sentir o seu gosto.
(des)gosto.
eu gosto.
mas a felicidade "voltou". pelo menos consigo fazer
você(s) pensarem que sim.
"mais uma risada."
o expresso é um e vinte.
vai ser quando? me convida.
se eu ainda estiver (,) com-vida.
até lá, continua assim, pra eu (me) sentir cada vez
mais _______ (complete).
aà depois me deixa deitado. me deixa agarrado
com meus sentimentos.
sozinho mais uma vez.
era de se esperar que alguma hora você iria me fazer / deixar
assim.
agora eu não consigo mais olhar pra você sem pensar
em várias coisas, coisas que construimos juntos
sem nem mesmo perceber.
já é tarde. olha o céu. eu dou um jeito.
existem dois tipos de frio, e você sabe quais são.
[ música de circo ]
a vida é circense demais pra ser verdade.
espero que possa compreender qual é o verdadeiro
sentimento ao subir naquele palco e fazer de tudo
pra você notar.
enquanto uns riem, outros choram.
sozinhos.
não.
as anotações fazem mais sentido quando pensar e sentir
fazem parte de uma mesma caixa.
mas deixa eu brincar mais um pouco, por favor.
não me leva pra casa agora, eu ainda não terminei.
deixa eu ser seu sorriso, nem que seja de mentira.
mas conversa mesmo. isso faz bem.
não sei como você está, nem o que sente, nem o que pensa.
eu queria saber.
- e se não dá certo?
não tem problema. com tanto que você me deixe fingir.
fingir e rir.