18.5.05
Balbúrdia.
Sempre fui um garoto apelativo, birrento e enjoado em todos os aspectos. Uma vez taquei pedras numa velhinha cega, moradora da rua Luiz Soares. Apanhei até sangrar os joelhos, sem resmungar muito.
Barulhinho estranho esse.
O ônibus é como um caixão. Me perturba, me perturba. Solto palavras apelativas, mas elas batem em meus dentes e nunca conseguem ver a luz externa. Choro, enquanto busco um trocado no bolso de trás, para alimentar ninguém senão eu mesmo. Balbúrdia, maldita balbúrdia.
Eu sou vago. Sou vago e medroso. Afinal de contas, mesmo que essa doença se espalhe por todo meu organismo, não existe nada mais sério que a morte. O lado de lá é belo, isso é fato. Eu sei porque eu sei. Aliás eu não sei, mas nunca fui malvado o suficiente pra ir pro inferno. E sempre gostei de azul, bem mais que vermelho. Ah, mas que diabos, eu não merecia isso. Ou será que merecia? Sou mesmo muito vago. E medroso.
16.5.05
Escorreguei da cadeira e de repente estava no chão. Encontrei você lá, deitada com sua melhor camiseta, cabelo penteado. "Te esperei", ela me disse, com olhar vago e sério. Enquanto isso, pensei a respeito daquela dor de dente que senti semana passada, quando pedi pra você pegar o gelo e você não o fez. A dor passou, pelo menos por enquanto.
12.5.05
Descobri que sou uma pessoa desprovida de sentimentos. Pelo menos depois que você furou todos os pares dos meus tênis, destruiu meus óculos e parou de sorrir das minhas piadas.
É, pois é.